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A gente ainda vai se esbarrar

  • Gabriella Collodetti
  • 5 de out. de 2017
  • 2 min de leitura

Fácil seria se cada ponto final realmente significasse um fim, mas, por sermos seres complexos, não possuímos controle acerca de certas situações. Às vezes o universo planeja algo tão detalhado para a nossa existência que vai além do nosso plano de compreensão ou até mesmo de aceitação. Afirmar com veemência que algo caminhou para o seu abismo é, de fato, uma coisa muito traiçoeira de se fazer com o nosso coração. Volta e meia as coisas mudam e, oras, ninguém está fadado a se afastar dessa constatação - nem mesmo nós dois. Dentro de uma história pode ser que venha outro parágrafo, outro capítulo, outra frase e tudo bem, afinal, não será o fim do mundo lidar com uma nova escrita.

O fato, porém, é que a vida não se enquadra em prateleiras de livros empoeiradas. Ela, na verdade, se transforma em uma corrida sem pausas para descansos a medida em que nossa idade vai avançando. A leveza nos passos é esquecida para que algumas dores possam ter espaço ao lado do nosso passo desastrado. Mas, o que diabos isso tem a ver com tudo já dito? Bom, veja bem, nós nos transformamos em dois maratonistas sem ritmo no meio de um deserto escaldante. Quando o compasso se foi junto com nossa capacidade de levar a tal maratona adiante, nossas direções se fizeram opostas. Triste, né? O pior em toda a situação é que não nos restava muitas opções. Nosso corpo já estava desidratado e com ardores inimagináveis. Desistir era uma alternativa terrível, eu sei, só que mesmo quando a gente quer muito alguma coisa, não há possibilidade de levar adiante se há dor presente. Então, longe um do outro, nos desfizemos na areia do nosso sofrimento em particular. Foi duro. Só que aí o tempo passou e o seu andar acabou encontrando um ritmo bonito longe do meu e, bem, às vezes não se pode fazer muita coisa além de aceitar uma situação. Foi o que fiz, mas, queria deixar claro que aceitar algo não significa ter que concordar. Não, nunca concordei. Vi os seus novos trajetos sem a minha presença e me machuquei, não nego. Seu sorriso era radiante e, diferente de quando comigo, te via hidratado por completo. A areia já não te consumia e, ainda que eu estivesse presa na mesma posição desde a sua partida, sabia que era hora de me reerguer. Não posso dizer que estou curada ou até mesmo que o seu cheiro não me invade nas ruas da cidade, mas o que posso afirmar é que tive a oportunidade de me reinventar. Quão maravilhoso isso soa? Entretanto, todos sabem que o mundo não é tão grande quanto parece e, por essa razão, alguns livros acabam passando de novo pelas mesmas mãos. Isso significa que apesar de toda fugacidade do dia a dia e da rapidez na nossa perambulação em caminhos divergentes, sei que as nossas retas eventualmente irão trombar. No dia que isso acontecer, a luz da minha essência vai estar tão forte que nem mesmo os seus olhos serão capazes de me reconhecer e, sabe, eu serei grata por isso, afinal, não gosto mais que as areias invadam os meus poros e nem que as poeiras de livros antigos me façam espirrar. É hora de mudar.

 
 
 

Comentários


#1 

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#2

Não esquece de curtir a página no Facebook, hein.
 

#3

Quer dar sugestão de tema? Me envie um e-mail! Vou ler com todo o carinho.

 

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