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Você pensou que eu ia parar de viver

  • Gabriella Collodetti
  • 26 de out. de 2017
  • 2 min de leitura

Amar é arriscado. A gente deposita uma confiança que até então não sabíamos que existia e, muitas vezes, nos decepcionamos por termos dado tanto a alguém que não merecia o excesso. Com certeza é triste afirmar isso com tanta convicção, mas há pouco tempo aprendi que endurecer diante da vida é fundamental. As coisas não são fáceis, nunca foram. Não podemos ter o coração inteiramente mole diante de um mundo duro. É arriscado demais e, por conseguir enxergar esse fato agora, te agradeço por ter me transformado um pouco em rocha quando eu era só flor.

Estaria tentando enganar a você - e a mim - se eu contasse que não me faz falta ser florida como antes. De todas as coisas que aconteceram, sei que o que mais aperta o meu peito é a minha incredulidade com o que restou. Não é nem de você ou do que fomos, mas sim do que eu era. Certos dias sinto vontade de mudar o meu ceticismo, mas aprendi na marra a conviver com ele.

Não pense, porém, que isso me fez parar de sorrir nos meus amanheceres. Não, eu continuo levando cada dia como sempre levei. Permaneço com o meu hábito de passar requeijão no bolo de chocolate e até mesmo esfrego o meu pé na coberta para pegar no sono à noite. Essas coisas permaneceram, mas você não e tudo bem falar em alto bom som essa frase. Já não me machuca ter que ver o meu reflexo sem a sua presença.

Seria tolice da minha parte parar o meu universo e todas as luzes presentes nas minhas constelações por você não ter sido quem eu pensei que fosse, não seria? Demorou um pouco, mas pude perceber que é sim possível ser inteiramente feliz sendo singular. Eu não preciso de você, nunca precisei. Sempre fui capaz de ir ao cinema sozinha da mesma forma que sempre consegui dormir na cama sem o seu corpo do lado. Você não é oxigênio, não é comida, não é água - e nem a lasanha da minha mãe - para ser vital.

O que sou hoje é a junção de todos os cortes na raiz da minha alma. De tanto me arrancar da terra, não consegui mais semear. Só que, amor, mesmo que você tenha me encoberto com concreto para me fazer ser tão dura quanto uma pedra, nada muda o fato de que, por dentro, o meu jardim é infinito. Você não precisa regar para que eu consiga crescer e, da mesma maneira, eu não preciso te amar para me sentir viva.


 
 
 

Comentários


#1 

Não precisa de pressa, deixe as palavras te envolverem!
 

#2

Não esquece de curtir a página no Facebook, hein.
 

#3

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